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A mamãe queria se casar em segredo — fiquei chocada quando descobri quem era o escolhido dela.

Eu estava sentada no escritório, cansada e exausta. Lá fora, a noite caía lentamente e o céu ganhava um tom azul profundo. No quarto reinava o silêncio — o único som era o zumbido das lâmpadas e o teclar do teclado. Já fazia horas que eu trabalhava em relatórios e planilhas, e cada movimento meu se tornava mais difícil.

Quando já me preparava para sair, a porta se abriu suavemente — entrou meu chefe, Michael. Ele tem quase cinquenta anos, está sempre impecavelmente vestido, e seu olhar transmite seriedade e profissionalismo. Em silêncio, colocou uma pasta grossa com novas tarefas sobre minha mesa.

— Isso precisa estar pronto amanhã de manhã — disse com voz calma.

Olhei para o relógio: quase oito da noite.

— Michael, estou trabalhando desde cedo — tentei explicar — estou realmente esgotada…

Ele nem piscou.

— O trabalho não espera.

Ele se virou, como se quisesse dizer algo mais. Abriu a boca — e ficou em silêncio.

— Tudo bem. Fica para outra vez — disse tranquilamente e saiu.

Recostei-me na cadeira, sentindo o cansaço se acumular. “Só mais um pouco”, pensei, “em breve tudo vai mudar”.

Mais tarde, ao entrar no carro, ouvi o toque do telefone. No visor apareceu o nome da tia Jenny — minha parente querida e tagarela.

— Alisa! — disse animada. — Não esqueceu que vai me levar ao casamento?

— Que casamento? — perguntei, com o coração acelerando.

— Ora, o casamento da sua mãe! Você sabe do que estou falando.

Fiquei paralisada. Mamãe… vai se casar?

— Você não sabia? — perguntou, surpresa.

Sem acreditar, virei o carro na direção da casa da minha mãe.

Ela abriu a porta como se nada tivesse mudado — com seu roupão favorito, cheirando a chá e lilás. Tão calorosa e próxima, mas ao mesmo tempo um pouco distante.

— Mamãe, por que não me contou que vai se casar? — perguntei, tentando conter a voz trêmula.

Ela abaixou os olhos.

— Queria contar… só não sabia como.

— E eu estou ao menos convidada?

Ela hesitou, depois balançou a cabeça em silêncio.

— Achei que seria mais fácil assim. Você trabalha tanto, não queria te estressar ainda mais.

— Não sou uma criança, mãe. Sou sua filha.

Ela olhou para mim — nos olhos dela misturavam-se culpa, tristeza e amor. Não aguentei e virei o rosto para esconder as lágrimas. Mas no fundo, já sabia — eu estaria nesse casamento.

O dia quase inteiro passou. Peguei tia Jenny — com seu chapéu colorido e histórias sem fim. Mas mal a escutava, tomada pela ansiedade.

Chegamos à igreja. Mamãe estava linda com seu vestido claro, um pouco nervosa, mas sorridente. Ao lado dela, o noivo.

Michael.

Meu chefe.

Fiquei imóvel. Ele me olhou, e o salão pareceu congelar. Mamãe permaneceu parada.

— Isso não é da sua conta — sussurrou ela.

— Não é? — perguntei, surpresa. — Você sabia como era difícil trabalhar com ele!

Michael empalideceu.

— Talvez eu devesse ir embora — disse, baixinho.

— Não.

Mas ele já se afastava em direção à saída.

Corri atrás dele, o vento balançando seu paletó.

— Michael — chamei.

Ele se virou.

— Você estava certa. Eu não deveria ficar entre você e sua mãe.

— Não, eu é que estava errada.

Ele me olhou, surpreso.

— Eu via potencial em você, mas às vezes fui duro demais. Me desculpe.

— Eu estava com raiva de você.

— Com razão.

— Mas não posso decidir quem faz minha mãe feliz.

— Ela tinha medo de te magoar — disse ele.

— Queria me proteger.

Ficamos em silêncio. Depois falei:

— Ela precisa de você. E você precisa dela.

Ele assentiu com a cabeça e voltamos juntos à igreja.

A cerimônia começou com um pequeno atraso, mas ninguém reclamou. Sentei ao lado da tia Jenny, que apertou minha mão.

Quando as portas se abriram, Michael voltou. Mamãe sorriu como há muito eu não via. Seus olhos brilhavam de alegria.

Durante os votos, ela disse o nome dele com amor e esperança.

Michael, ao falar, olhou diretamente para mim:

— Pela Alisa. Foi graças a ela que me tornei um homem melhor.

Agarrei-me a essas palavras como a um presente precioso.

Depois, no jantar sob luzes suaves e cheiro de comida caseira, mamãe me abraçou.

— Você não está com raiva?

— Não. Você merece isso — sussurrei.

Ela me beijou na testa.

— E você também.

Naquela noite, minha mãe se casou.

Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu não me senti sozinha.

Senti que a reencontrei.