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Médico explica como o corpo de Juliana Marins entrou em colapso após 4 dias presa em trilha de vulcão na Indonésia

A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, após quatro dias desaparecida em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, revelou os efeitos devastadores que o corpo humano pode sofrer diante de condições extremas. Presa em uma altitude entre 2.600 e 3.000 metros, sem acesso a comida, água ou abrigo, Juliana enfrentou uma sequência de agressões fisiológicas que culminaram em falência múltipla dos órgãos, segundo explicou o médico Wandyk Allison, especialista em emergências de alta montanha.

De acordo com o médico, a exposição prolongada ao frio, à baixa pressão atmosférica, à falta de oxigênio e à ausência de suporte mínimo de sobrevivência foi demais para que o corpo resistisse. “Foram dias de luta interna contra múltiplos fatores fatais que atuaram ao mesmo tempo”, disse.

Fatores que levaram ao colapso do organismo

1. Desidratação severa:
Sem reposição de líquidos, o corpo de Juliana passou a concentrar o sangue, que ficou mais espesso. Isso prejudica o transporte de oxigênio e sobrecarrega os rins. Para tentar reverter o quadro, o organismo libera hormônios antidiuréticos, o que intensifica o desequilíbrio e pode levar a falência renal.

2. Hipoglicemia:
Sem ingestão de alimentos, o organismo consumiu as reservas de glicose rapidamente. Em seguida, passou a degradar gordura e tecido muscular para obter energia, agravando o quadro metabólico. A queda brusca nos níveis de açúcar compromete o funcionamento do cérebro e a coordenação motora.

3. Hipotermia:
Nas altitudes em que Juliana ficou presa, a temperatura pode despencar à noite. A perda de calor corporal constante causa contração dos vasos sanguíneos, lentidão nos batimentos cardíacos e paralisa o mecanismo de produção de calor interno. Em casos extremos, leva à parada cardiorrespiratória.

4. Hipoxia (falta de oxigênio):
Com o ar rarefeito em grandes altitudes, o sangue recebe menos oxigênio. O corpo tenta compensar aumentando a frequência respiratória e cardíaca, o que exige ainda mais energia — escassa no estado em que ela se encontrava. Órgãos como cérebro, coração e pulmões ficam comprometidos.

A falência múltipla dos órgãos

Diante da combinação desses fatores, o corpo entra em colapso: rins deixam de funcionar, o fígado não metaboliza toxinas, o coração perde ritmo e o cérebro deixa de comandar funções vitais. A morte, nesse cenário, se torna questão de horas. “É como se o corpo fosse desligando, sistema por sistema”, explicou Dr. Allison.

Um alerta sobre trilhas extremas

A tragédia de Juliana Marins reacendeu debates sobre segurança em expedições. Especialistas reforçam que trilhas de alta complexidade exigem guias experientes, comunicação ativa, equipamentos de emergência e preparo físico específico.

Juliana estava em um mochilão pela Ásia desde fevereiro, em busca de experiências culturais e aventuras. Sua morte devastou familiares e gerou comoção pública, sendo também marcada por uma série de atrasos e falhas no resgate e no translado do corpo.