Uma menina mal vestida foi ao hospital para vender seu sangue. Quando o médico descobriu por que ela precisava do dinheiro, ele ficou sem fôlego. …

Ekaterina Dmitrievna estava de pé diante de um túmulo fresco, emoldurado por um céu outonal cinzento e pela paisagem sombria do cemitério. Folhas amarelas rodopiavam ao seu redor, arrancadas das árvores pelo vento frio e inquieto, voando sobre o solo encharcado. A chuva caía havia várias horas, mas a mulher não percebia como sua jaqueta preta estava encharcada — parecia que nenhuma força da natureza poderia ser mais terrível do que a dor que apertava sua alma.

O cemitério estava quase deserto — apenas ela entre os monumentos de pedra e o silêncio, interrompido apenas por rajadas de vento e gotas de chuva ocasionais. Ela vinha ali todos os dias, quando o marido estava no trabalho, pois não suportava mais suas tentativas de consolá-la, seus abraços impotentes e palavras sobre como a vida precisava continuar. Essas palavras doíam mais do que qualquer reprovação.
Mecanicamente, ajeitando o pequeno monumento de granito cinza, Ekaterina ajoelhou-se diretamente na lama, sem sentir o frio ou a dor nas pernas. Inclinando a cabeça, ela sussurrou:
— Svetochka, minha menina… Por que eu não consegui te proteger? Eu teria dado minha vida, se ao menos você estivesse viva. Por que não consegui te impedir naquele dia?
Lágrimas escorriam por suas bochechas e caíam sobre a superfície fria do mármore, misturando-se com a chuva. Um ano e três meses se passaram desde que encontraram o corpo de sua única filha, mas a dor não havia diminuído. Pelo contrário, aumentava a cada dia, corroendo sua alma por dentro como um fogo que não podia ser apagado. Parecia que o tempo deveria suavizar a ferida, mas apenas a tornava mais profunda, incurável.