Amor eterno: mãe e filha morrem abraçadas após se afogarem em rio

Uma tarde de lazer às margens do Rio Paracatu terminou em tragédia e choque para toda a comunidade de Brasilândia de Minas, no último domingo (28). O que era para ser um momento de descanso em família, em contato com a natureza, transformou-se em um episódio de dor irreparável. Três pessoas da mesma família perderam a vida em um afogamento, em circunstâncias marcadas por atos de amor e desespero. Edileia Nobre de Oliveira, de 32 anos, e sua filha Rebeca, de apenas 5 anos, foram encontradas sem vida, com os braços entrelaçados, após tentarem escapar da correnteza. Rodrigo Rocha, pai e marido, de 34 anos, também morreu ao tentar resgatá-las.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a família estava reunida em um trecho do rio localizado sob a ponte da rodovia MG-680, na zona rural da cidade. O local, aparentemente raso e seguro, tornou-se traiçoeiro quando a correnteza arrastou a pequena Rebeca para uma área mais funda. Desesperada, a mãe pulou na água para socorrer a filha, mesmo sem saber nadar. Foi o início de uma sequência de tentativas desesperadas de salvar a vida da criança, que terminou em uma tragédia coletiva.
Edileia, sem preparo para enfrentar a força das águas, rapidamente começou a se afogar. Nesse momento, Rodrigo entrou no rio e tentou o impossível: alternava entre empurrar a esposa e a filha para mais perto da parte rasa, na tentativa de mantê-las vivas. Mas o esforço físico intenso, aliado ao desespero da situação, fez com que ele fosse vencido pela correnteza. Seu corpo foi encontrado apenas no dia seguinte, após buscas realizadas pelos bombeiros do 3º Pelotão de João Pinheiro, localizado a 130 quilômetros do local.
A cena descrita por testemunhas e confirmada pelos bombeiros revela a intensidade do drama vivido pela família. Os corpos de Edileia e Rebeca foram encontrados juntos, abraçados, como se a mãe tivesse tentado protegê-la até o último instante. Esse detalhe marcou profundamente os militares e as pessoas envolvidas no resgate, tornando a tragédia ainda mais dolorosa. Rodrigo, por sua vez, é lembrado como um pai corajoso, que não hesitou em arriscar a própria vida na tentativa de salvar as duas.
Além da tragédia principal, outro episódio reforça a dramaticidade do ocorrido. Durante o desespero, uma segunda criança, de 6 anos, também chegou a pular na água e começou a se afogar. Nesse momento, a avó, mesmo sem saber nadar adequadamente, entrou no rio e conseguiu resgatá-la. A cena evidencia como o instinto de proteção se sobrepõe ao medo em situações de risco extremo, mas também levanta um alerta sobre os perigos de subestimar ambientes naturais como rios, que muitas vezes escondem correntes fortes e imprevisíveis.
Especialistas em segurança aquática lembram que a maioria dos afogamentos em rios ocorre em locais considerados “seguros”, justamente porque as pessoas não esperam encontrar riscos graves em áreas rasas. A tragédia no Rio Paracatu reforça a importância de medidas preventivas, como a supervisão constante de crianças, o uso de coletes salva-vidas e o conhecimento básico de técnicas de natação e resgate. No entanto, também expõe como, em situações de desespero, mesmo pais e mães amorosos, dispostos a tudo, podem ser surpreendidos por forças incontroláveis da natureza.
O episódio que vitimou Rodrigo, Edileia e a pequena Rebeca não é apenas um número nas estatísticas de afogamento em Minas Gerais: é um retrato da força do vínculo familiar e do sacrifício humano diante do instinto de proteger quem se ama. A história mobilizou moradores da região, que se uniram em solidariedade à família e aos sobreviventes. Mais do que uma tragédia local, o caso ecoa como um alerta para todos nós: a necessidade de prudência em ambientes aquáticos e o reconhecimento de que, por trás das manchetes, existem histórias de vidas interrompidas e de amores que resistem até mesmo à morte.





