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Após megaoperação no RJ, Argentina toma atitude e envia Exército à fronteira

Após os intensos confrontos da “Operação Contenção”, que deixou o Rio de Janeiro em estado de tensão, o governo da Argentina decidiu agir. Nesta quinta-feira (30), a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, anunciou que o país ativou alerta máximo nas fronteiras com o Brasil, temendo uma possível “debandada” de integrantes do Comando Vermelho e do Primeiro Comando da Capital (PCC). A decisão, inédita desde o início da gestão de Javier Milei, levou o Ministério da Defesa a mobilizar tropas e veículos militares para reforçar a segurança na divisa.

“Vou emitir o alerta máximo nas fronteiras para que não haja nenhuma travessia por parte daqueles que possam estar fugindo do conflito no Rio de Janeiro”, declarou Bullrich, em entrevista coletiva na Casa Rosada, sede do governo argentino. Segundo a ministra, a medida envolve redobrar a atenção sobre todos os brasileiros que entrarem no país, com checagem de antecedentes e cruzamento de dados. “Vamos olhar com quatro olhos. Mas é claro, sem confundir turistas com criminosos”, destacou.

A ministra também enviou uma carta ao Ministério da Defesa solicitando o reforço do controle em regiões estratégicas, como a Tríplice Fronteira, que abrange Puerto Iguazú (Argentina), Foz do Iguaçu (Brasil) e Ciudad del Este (Paraguai). Bullrich mencionou a chamada “teoria da debandada”, segundo a qual, quando pressionados, grupos criminosos tendem a fugir para países vizinhos em busca de refúgio. “Solicito instruções para reforçar operações nas fronteiras Leste, Nordeste e Noroeste. Essa é uma medida preventiva e coordenada com as forças de segurança do Brasil e do Paraguai”, diz o documento oficial.

O ministro da Defesa, Luis Petri, confirmou que o Exército argentino enviará uma força de combate à província de Misiones, na fronteira com os estados brasileiros do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O contingente inclui blindados, caminhões militares, helicópteros e equipes de engenharia e comunicações, além de uma unidade especializada em ciberdefesa e vigilância aérea.

“Esses grupos têm poder de fogo militar e usam drones armados. Não podemos correr o risco de vê-los atravessando nossa fronteira. O Exército vai reforçar a vigilância terrestre, e a Força Aérea protegerá o espaço aéreo argentino”, afirmou Petri ao canal A24, reforçando que o objetivo é “defender os argentinos e manter a soberania nacional”.

Em outro anúncio de peso, Bullrich revelou que o Comando Vermelho e o PCC foram oficialmente declarados grupos terroristas na Argentina. As duas facções agora integram o Registro Público de Pessoas e Entidades vinculadas a Atos de Terrorismo (REPET), vinculado ao Ministério da Justiça. A medida foi adotada no início do mês e, segundo a ministra, “permite aplicar sanções financeiras e restrições operacionais, além de fortalecer a cooperação internacional contra o narcotráfico e o terrorismo”.

Atualmente, há 39 brasileiros presos em território argentino, dos quais “cinco pertencem ao Comando Vermelho e cerca de oito ao PCC”, segundo Bullrich. Todos estão sob vigilância reforçada e isolamento total. “Eles não têm poder dentro das prisões, como acontece infelizmente no Brasil e no Paraguai”, disse, em tom crítico.

A ministra ainda lembrou que o vínculo entre o crime organizado e o terrorismo não é teórico: “Em 2023, a Polícia Federal brasileira prendeu dois terroristas em São Paulo e um no Rio, recrutados pelo Hezbollah com ajuda do PCC. É por isso que classificamos essas facções como narcoterroristas”, concluiu.

A decisão argentina, que também já incluiu o Cartel dos Sóis e os grupos equatorianos Los Choneros e Los Lobos na lista de terroristas, reforça uma nova postura do país: tolerância zero com o narcotráfico transnacional — especialmente quando ele bate à porta da fronteira.