Flávio Bolsonaro choca ao dizer oque aconteceria com Lula se entrasse em favela do tráfico

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a gerar polêmica nas redes sociais nesta quinta-feira (30), ao publicar no X (antigo Twitter) uma mensagem provocando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na postagem, o parlamentar afirmou que, em uma comunidade dominada por traficantes, Lula seria “idolatrado”, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria “fuzilado”.
“Para que todos entendam a diferença entre Lula e Bolsonaro: se Lula entrar numa comunidade dominada por traficantes armados de fuzil será idolatrado; se for o Bolsonaro, será fuzilado!”, escreveu o senador, que também compartilhou uma imagem de um fuzil supostamente apreendido durante a megaoperação policial realizada na última terça-feira (28) no Rio de Janeiro. O detalhe que chamou atenção foi a bandoleira da arma, que trazia bordada a sigla ‘CPX’.
A referência não é aleatória. O termo CPX remete à polêmica que envolveu Lula ainda em 2022, durante a campanha presidencial, quando o petista apareceu usando um boné com essa mesma inscrição durante uma visita ao Complexo do Alemão, na capital fluminense. Na ocasião, o boné foi presente de lideranças comunitárias, como Camila Moradia, que explicou que a sigla significava apenas “Complexo”, uma abreviação comum entre os moradores.
Mesmo assim, o gesto foi alvo de fake news e ataques nas redes, impulsionados principalmente por aliados de Jair Bolsonaro, incluindo o próprio Flávio. À época, ele chegou a afirmar que “CPX” significava “cupincha”, sugerindo ligação com criminosos — uma interpretação que não tem qualquer base linguística, mas que acabou sendo amplamente compartilhada nas bolhas bolsonaristas.
A megaoperação mais letal da história do Rio
A postagem do senador ocorre em meio à repercussão da megaoperação policial deflagrada na manhã de terça-feira (28), considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro. O balanço oficial aponta 119 mortos, incluindo quatro policiais — dois civis e dois militares.
Segundo o governo estadual, a ação teve como objetivo desarticular o Comando Vermelho (CV), principal facção criminosa do estado, e apreender armas de grosso calibre utilizadas pelos traficantes. O governador Cláudio Castro classificou o episódio como um “dia histórico no enfrentamento ao narcoterrorismo”, expressão que tem sido usada por sua gestão para descrever as ações do tráfico.
Apesar do discurso de vitória, a operação gerou forte repercussão nas redes e dividiu opiniões. Organizações de direitos humanos criticaram a letalidade da ação e pediram investigação sobre possíveis abusos, enquanto apoiadores do governo estadual defenderam o “endurecimento” no combate ao crime.
O embate político continua
Flávio Bolsonaro, por sua vez, aproveitou o episódio para reforçar sua narrativa política e atacar Lula, em uma tentativa de associar o petista a um discurso de complacência com o crime — estratégia que tem sido recorrente entre parlamentares bolsonaristas.
Nos bastidores de Brasília, o comentário foi visto como mais um capítulo da disputa simbólica entre os dois grupos políticos que continuam polarizando o país. Enquanto Lula tenta consolidar uma agenda de pacificação e reconstrução institucional, Flávio e aliados seguem buscando manter acesa a chama da retórica da “guerra ao crime” e do “nós contra eles”.
No fim das contas, a publicação do senador não apenas reviveu uma antiga fake news, mas também mostrou como o debate sobre segurança pública continua sendo usado como arma política, em um momento em que o Rio de Janeiro tenta lidar com o rastro deixado por uma das operações mais violentas de sua história.





