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Direita entram em ação contra a Havaianas e a marca sofre grande perda

A recente queda nas ações da Alpargatas, empresa proprietária da icônica marca Havaianas, chamou atenção no mercado financeiro brasileiro. Em um único dia de pregão, a companhia viu seu valor de mercado encolher em aproximadamente R$ 200 milhões, uma perda que reflete não apenas flutuações econômicas, mas também o impacto de controvérsias políticas nas redes sociais. Essa movimentação ocorreu em meio a uma campanha de boicote organizada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, destacando como polarizações ideológicas podem influenciar o desempenho de empresas listadas na bolsa.

O estopim para a polêmica foi uma campanha publicitária de fim de ano lançada pela Havaianas, estrelada pela atriz e escritora Fernanda Torres. No anúncio, Torres faz uma declaração aparentemente inocente: “não começar o ano com o pé direito, mas com os dois pés”. Essa frase, que promove o uso de chinelos em ambos os pés, foi interpretada por setores da direita política como uma provocação sutil contra o “pé direito”, simbolizando uma alusão ao posicionamento conservador. Rapidamente, a mensagem viralizou nas redes, transformando um comercial leve em combustível para debates acalorados.

A reação não demorou. Apoiadores bolsonaristas, conhecidos por sua mobilização rápida online, iniciaram uma campanha de boicote contra a marca. Postagens incentivando o descarte de produtos Havaianas e a busca por alternativas ganharam tração, com hashtags como #BoicoteHavaianas dominando as tendências. Essa estratégia de pressão coletiva, comum em movimentos políticos digitais, visa não apenas expressar descontentamento, mas também afetar diretamente as vendas e a reputação da empresa.

Figuras proeminentes do bolsonarismo amplificaram o movimento. Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, publicou um vídeo jogando pares de Havaianas no lixo, declarando seu repúdio à campanha. Da mesma forma, o influente Nikolas Ferreira, outro nome da direita, endossou o boicote em suas redes, incentivando seguidores a fazerem o mesmo. Essas ações de líderes políticos elevam o alcance da campanha, transformando-a em um evento de repercussão nacional.

No pregão da B3, as ações da Alpargatas (código ALPA4) registraram uma desvalorização entre 2,7% e 3%, refletindo a sensibilidade do mercado a ruídos externos. Com um valor de mercado aproximado de R$ 7,3 bilhões, a perda de R$ 200 milhões, embora significativa no curto prazo, ilustra como percepções públicas podem gerar volatilidade. Investidores, atentos a riscos reputacionais, reagiram vendendo papéis, o que agravou a queda em um dia já marcado por instabilidades econômicas gerais.

Até o momento, a Alpargatas optou pelo silêncio oficial, sem emitir comunicados ou respostas diretas à controvérsia. Essa abordagem cautelosa pode ser uma estratégia para evitar escalar o debate, permitindo que a poeira assente naturalmente. No entanto, em um ambiente onde as marcas são cada vez mais cobradas por posicionamentos, a ausência de posicionamento pode ser interpretada como neutralidade ou até conivência, dependendo do público.

Por fim, esse episódio reforça o poder das redes sociais em moldar narrativas econômicas e políticas no Brasil. Boicotes como esse, embora muitas vezes tenham impacto limitado a longo prazo nas vendas reais, servem como lembrete de que as empresas operam em um ecossistema interconectado, onde uma simples frase publicitária pode desencadear reações em cadeia. No futuro, marcas como a Havaianas podem precisar navegar com ainda mais cuidado entre criatividade e sensibilidade cultural para evitar armadilhas semelhantes.