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Após encontro com Lula, presidente Trump toma decisão

Em um encontro que ninguém esperava ver tão cedo, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se reuniram neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, e reacenderam o debate sobre os rumos da relação entre Brasil e Estados Unidos. A conversa, que durou cerca de 40 minutos, foi descrita pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como “positiva, franca e colaborativa”.

O tema principal da reunião foi o fim das tarifas sobre produtos brasileiros e a suspensão da Lei Magnitsky, que impõe sanções a autoridades e empresas do país. Lula aproveitou o encontro para insistir que as barreiras comerciais impostas pelos EUA têm prejudicado setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio, o aço e o alumínio.

De acordo com Vieira, Trump demonstrou receptividade e prometeu agir rapidamente. “Tudo tem que ser resolvido em pouco tempo”, teria dito o ex-presidente americano, em tom direto e pragmático, como é de seu estilo. O Itamaraty saiu da reunião otimista, vendo uma “janela rara” de oportunidade para destravar negociações que estavam congeladas há anos.

As equipes técnicas dos dois países começaram a trabalhar ainda no domingo, segundo o chanceler. A expectativa é que, em poucas semanas, haja um acordo bilateral que reduza ou elimine as taxas aplicadas sobre produtos brasileiros que entram no mercado americano. “Esperamos concluir rapidamente uma negociação que trate de cada setor sob tributação americana ao Brasil”, disse Mauro Vieira, reforçando que o Brasil pediu também uma suspensão temporária das tarifas durante o processo.

A resposta dos Estados Unidos a esse pedido, no entanto, ainda não foi confirmada. Nos bastidores, diplomatas brasileiros avaliam que Trump quer usar o gesto como um sinal de reaproximação com a América Latina — especialmente com o Brasil, que voltou a ganhar protagonismo nas discussões econômicas e ambientais globais.

Um detalhe curioso chamou atenção: segundo Mauro Vieira, Trump afirmou ter “grande admiração pessoal por Lula” e até manifestou interesse em visitar o Brasil em breve. A fala foi recebida com surpresa e até um certo humor entre assessores, já que os dois líderes têm perfis políticos e estilos completamente diferentes.

A escolha da Malásia para o encontro também não foi por acaso. Kuala Lumpur sediava uma conferência internacional sobre comércio e sustentabilidade, e tanto Lula quanto Trump participaram do evento como palestrantes convidados. A reunião improvisada teria sido articulada discretamente por diplomatas dos dois países, após uma breve troca de cumprimentos nos bastidores.

O gesto marca uma mudança significativa no tom diplomático entre Brasília e Washington. Depois de anos de atritos e desconfianças, o diálogo parece caminhar para um terreno mais pragmático, focado em resultados econômicos concretos.

Para o governo brasileiro, o encontro é visto como uma vitória simbólica, sinalizando que o país voltou ao centro das negociações internacionais. Já para Trump, a conversa pode render dividendos políticos, mostrando disposição de construir pontes em meio à campanha pela Casa Branca.

Se as promessas se confirmarem, o domingo em Kuala Lumpur poderá entrar para a história como o dia em que Brasil e Estados Unidos voltaram a se ouvir de verdade — não com discursos ideológicos, mas com a linguagem que o comércio mundial mais entende: a dos acordos e das oportunidades.