Brasil em guerra: Crime organizado deixa mais de 60 mortos no Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro viveu uma tarde de caos e medo nesta terça-feira (28), após criminosos ligados ao Comando Vermelho reagirem de forma violenta à megaoperação das forças de segurança nos complexos do Alemão e da Penha. Em uma demonstração de poder e desafio às autoridades, grupos armados usaram ônibus, caminhões e até carretas como barricadas, bloqueando diversas vias importantes da capital e da Região Metropolitana. A cidade praticamente parou, enquanto cenas de pânico se espalhavam pelas redes sociais.
De acordo com a Rio Ônibus, por volta das 13h30, havia veículos sendo incendiados e utilizados como bloqueios em bairros estratégicos, como Anchieta, Engenho Novo, Méier, Grajaú-Jacarepaguá, Freguesia, Taquara, Cidade de Deus, Cascadura, Engenho da Rainha e até em trechos da Avenida Brasil e da Linha Amarela — duas das principais artérias da cidade. O terror se estendeu também à BR-101, em São Gonçalo, afetando motoristas e trabalhadores que tentavam voltar para casa. O trânsito travou, e muitas pessoas ficaram presas em meio ao fogo cruzado.
Na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, via que conecta as zonas Norte e Sudoeste do Rio, a cena era de guerra: uma carreta e um ônibus bloqueavam completamente a pista, enquanto motoristas tentavam manobrar na contramão para escapar do bloqueio. Vídeos compartilhados nas redes mostravam o desespero de famílias presas em seus carros, tentando se proteger dos disparos e das chamas que consumiam os veículos. A sensação de impotência tomou conta da população, que mais uma vez se viu refém da violência urbana.
As forças de segurança, por sua vez, reagiram com intensidade. Segundo dados oficiais divulgados no início da tarde, mais de 60 pessoas morreram durante os confrontos — entre elas, dois policiais — e mais de 80 suspeitos foram presos. O saldo é considerado um dos mais sangrentos dos últimos anos. A Secretaria de Segurança Pública informou que o objetivo da operação é “desarticular o núcleo estratégico do Comando Vermelho e retomar territórios dominados por facções criminosas”. Helicópteros, blindados e drones foram mobilizados, e as ações seguem em curso em diferentes pontos da cidade.
O impacto do confronto ultrapassou as fronteiras da segurança pública e atingiu diretamente o cotidiano dos cariocas. A Rio Ônibus confirmou que mais de 100 linhas tiveram seus itinerários alterados, provocando colapso no transporte coletivo. Já a Mobi-Rio, responsável pelo BRT, anunciou a suspensão parcial dos corredores Transbrasil e Transcarioca, além de impactos nos serviços de conexão. Milhares de passageiros foram obrigados a descer dos veículos e seguir a pé, em meio à tensão e ao som dos tiros que ecoavam pelos bairros.
Nas redes sociais, as hashtags #RioEmGuerra e #OperaçãoAlemão rapidamente alcançaram os trending topics, com moradores compartilhando vídeos e relatos de medo. Muitos denunciaram a falta de segurança e a sensação de abandono. “A gente sai de casa sem saber se volta. O Rio virou uma zona de guerra”, desabafou uma moradora da Penha, em uma publicação que viralizou no X (antigo Twitter). Especialistas em segurança pública alertam que a ação dos criminosos demonstra o alto grau de organização e o poder de fogo das facções, além da dificuldade histórica do Estado em retomar o controle pleno de algumas regiões.
Enquanto a operação continua, a cidade permanece em estado de alerta. Escolas suspenderam as aulas, comércios fecharam as portas e trabalhadores foram orientados a buscar rotas alternativas ou permanecer em casa. A população cobra respostas concretas e medidas que garantam a retomada da normalidade, sem novas tragédias. O governo estadual promete endurecer as ações e ampliar o policiamento nas áreas afetadas. Mas, para quem vive o dia a dia da violência, a sensação é de que o Rio de Janeiro segue à beira do colapso — dividido entre o medo e a esperança de que um dia a paz volte a ser rotina, e não exceção.




