Família inteira é vítima de emboscada e fuzilamento a caminho da igreja

A noite de domingo (2) começou como tantas outras na pacata Ilha de Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco. O destino parecia simples: uma ida à igreja evangélica onde Jackson Veríssimo da Silva, de 43 anos, atuava como presbítero. Ao lado da esposa, Joseane Adriele Nascimento Veríssimo, de 29, e do enteado José Leonardo Ramos, de apenas 13 anos, ele embarcou em um táxi sem imaginar que a viagem terminaria em tragédia.

O carro avançava pela Rua Bela Vista quando o inesperado aconteceu. Diante deles, um bloqueio improvisado de galhos e objetos fechava o caminho. O motorista hesitou por segundos — o suficiente para perceber que algo estava errado. Acelerou para fugir, mas o som dos pneus se confundiu com o estampido dos tiros. Em meio ao pavor, o veículo foi crivado de balas.

Moradores relatam que o barulho dos disparos ecoou pela comunidade e, logo depois, o silêncio dominou o local. Quando as sirenes romperam a escuridão, as vítimas já estavam feridas. José Leonardo, o adolescente que sonhava em ser músico da igreja, não resistiu. A mãe e o padrasto, gravemente feridos, foram levados ao Hospital Miguel Arraes, no Grande Recife.

No chão, o rastro da violência: cápsulas, uma arma de fogo e 27 porções de maconha enterradas próximo ao local dos tiros. As marcas deixadas pela correria indicavam que o ataque poderia não ter sido aleatório. Mas quem teria armado a emboscada? E por quê?

O caso, segundo o boletim de ocorrência, está sendo investigado como latrocínio consumado e tentativa de latrocínio — o chamado roubo seguido de morte. A polícia trabalha para entender se os criminosos tinham como alvo o táxi, as vítimas ou se o bloqueio fazia parte de alguma disputa local.

Enquanto as perguntas se acumulam, o medo tomou conta da região. A Polícia Militar reforçou o policiamento em Itamaracá, com patrulhas motorizadas circulando nos horários de maior movimento e monitoramento redobrado em pontos considerados estratégicos.

O motorista do táxi, que conseguiu escapar ileso, ainda não teve detalhes divulgados. Sua versão pode ser a chave para desvendar o que aconteceu naquela noite em que a fé deu lugar ao desespero.

Na comunidade, o luto é silencioso. Fiéis e vizinhos se reúnem em orações pela recuperação do casal e pela memória do garoto. José Leonardo era descrito como tranquilo, carinhoso e dedicado à igreja, acompanhando o padrasto em cultos e ensaios.

A Ilha de Itamaracá, conhecida por suas praias e tranquilidade, agora carrega mais um mistério em meio ao som das ondas e das sirenes. Um menino de 13 anos perdeu a vida em uma emboscada ainda sem explicação — e uma família, que só queria chegar à igreja, viu seu caminho transformado em uma estrada de dor.