Líder dos caminhoneiros vai à Presidência da República comunicar paralisação

A manhã desta terça-feira (2/12) movimentou os corredores da Presidência da República. Chicão Caminhoneiro, representante da União Brasileira dos Caminhoneiros, esteve no Palácio do Planalto para protocolar oficialmente o documento que trata da paralisação geral anunciada para quinta-feira (4/12). Acompanhando a comitiva, o desembargador aposentado Sebastião Coelho — nome conhecido entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro — marcou presença para dar respaldo jurídico ao ato.
Chicão, figura bastante popular entre os profissionais da estrada, afirmou que o projeto construído para a paralisação não nasceu de uma única pessoa. Segundo ele, foi um esforço coletivo, “feito a várias mãos”, reunindo contribuições de motoristas de diferentes regiões. Ele descreveu o movimento como formado por “guerreiros, lutadores”, em referência ao dia a dia exigente nas estradas brasileiras.
Durante a visita, o representante reforçou que a mobilização não tem caráter político-partidário. Em um vídeo divulgado logo após o protocolo, Chicão destacou que qualquer tipo de demonstração deve respeitar rigorosamente a legislação. Ele frisou que os caminhoneiros não pretendem criar barreiras ou impedir a circulação de veículos, lembrando que o direito de ir e vir é essencial para todos.
Sebastião Coelho, que acompanhou cada passo da entrega do documento, comentou rapidamente com jornalistas presentes que sua intenção é garantir suporte jurídico ao movimento. Sem entrar em detalhes, afirmou que novas informações serão fornecidas nas próximas horas — algo que despertou curiosidade entre motoristas e observadores políticos.
Embora Chicão negue interesses políticos, o contexto ao redor de Coelho cria outra camada de interpretação. Nos últimos dias, o ex-magistrado usou suas redes sociais para convocar cidadãos a favor de uma paralisação focada na defesa de uma anistia para Bolsonaro, que segue detido na sede da Polícia Federal. Em vídeos recentes — que circularam bastante no Instagram e em grupos de caminhoneiros — Coelho afirmou que esse seria “o caminho que restou” para pressionar o Congresso Nacional, acusando a Casa de ignorar reivindicações populares.
Ele defende uma anistia ampla, envolvendo investigados e condenados pelos eventos de 8 de janeiro, além do próprio ex-presidente. Nos vídeos, Coelho descreve suas orientações de forma quase didática, sugerindo como a mobilização deveria ocorrer, mas sem mencionar bloqueios ou ações que descumpram a lei.
A pauta dos caminhoneiros, no entanto, não se resume a isso — e muitos lembram da última grande greve, em 2018. Naquele ano, os frequentes reajustes no preço do diesel desgastaram a categoria, culminando em uma paralisação que durou 10 dias e causou impactos significativos no país. Desabastecimento, filas em postos e prateleiras vazias foram cenas comuns. O movimento só chegou ao fim quando o então presidente Michel Temer (MDB) aceitou parte das reivindicações apresentadas.
Agora, com o anúncio da nova paralisação, o clima é de expectativa. Nos grupos de conversa de caminhoneiros, o assunto domina as mensagens, mas há também cautela. A categoria sabe o peso que carrega quando se mobiliza e, por isso, muitos defendem que qualquer ação seja planejada com responsabilidade e diálogo. Resta observar como o governo e o Congresso reagirão nos próximos dias — e se a quinta-feira trará, de fato, uma nova marca na relação entre caminhoneiros e Brasília.





