Luto: Acabamos de perder uma das maiores atrizes da TV, descanse em paz

A música nativista amanheceu em silêncio nesta terça-feira (11). O cantor e compositor João Chagas Leite, um dos maiores expoentes da cultura gaúcha, faleceu aos 80 anos, no Hospital de Caridade de Erechim (HCE), no norte do Rio Grande do Sul. O artista, conhecido por dar voz à alma campeira e às tradições do campo, lutava contra um câncer. A morte foi confirmada por familiares, que destacaram o legado de afeto, poesia e autenticidade deixado por ele ao longo de mais de meio século de carreira.
João Chagas Leite estava em Erechim para tratar a doença, contando com o apoio de um amigo médico durante todo o processo. Passou por cirurgia e vinha se recuperando bem, segundo pessoas próximas. Em maio deste ano, o músico chegou a anunciar, com entusiasmo, que voltaria aos palcos após o tratamento. A notícia reacendeu a esperança de seus fãs, que viam nele não apenas um cantor, mas um símbolo vivo das tradições gaúchas. Infelizmente, o retorno que tantos aguardavam não pôde se concretizar.
Nascido no coração do Rio Grande, João Chagas Leite foi um verdadeiro guardião da cultura regional. Seu repertório ultrapassa as 300 composições, entre elas clássicos que marcaram gerações, como Desassossegos, Penas, Campo, Pampa e Querência, Ave Sonora e Por Quem Cantam os Cardeais. Suas letras sempre traduziram com sensibilidade a vida simples do homem do campo, a força da natureza e o orgulho de ser gaúcho. Não à toa, suas canções são constantemente regravadas e interpretadas por novos artistas que buscam manter viva a chama do nativismo.
Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, Chagas Leite conquistou o respeito de público e crítica. Foi vencedor de 13 festivais nativistas e bicampeão da Tertúlia Musical Nativista, um dos eventos mais tradicionais do Rio Grande do Sul. Seu talento não se restringia à música — também era poeta, escritor e profundo conhecedor da história e dos costumes sulinos. Quem o conheceu pessoalmente destaca sua humildade e sua constante disposição em incentivar os jovens músicos que se aproximavam dele em busca de conselhos.
O impacto de sua morte se espalhou rapidamente pelas redes sociais. Artistas, jornalistas e fãs de todas as idades publicaram mensagens emocionadas, relembrando momentos marcantes ao som de suas canções. No Facebook, o nome de João Chagas Leite tornou-se um dos assuntos mais comentados no Sul do país, com milhares de homenagens destacando sua importância para a preservação da identidade cultural gaúcha. “Ele não cantava apenas o Rio Grande — ele o transformava em poesia”, escreveu um seguidor, resumindo o sentimento de muitos.
A despedida do cantor deve reunir admiradores de diversas regiões. Segundo familiares, o velório e o sepultamento ocorrerão em sua terra natal, com cerimônia aberta ao público. A expectativa é de que amigos, artistas e representantes de entidades tradicionalistas participem do último adeus. “Ele sempre dizia que queria ser lembrado cantando o Rio Grande, e é assim que vamos mantê-lo vivo”, afirmou um parente próximo. A família agradeceu pelas mensagens de apoio e pediu respeito e discrição neste momento de dor.
João Chagas Leite parte deixando uma herança imensurável à música regional. Seu legado ultrapassa fronteiras e continua inspirando aqueles que veem na arte um instrumento de preservação cultural. Em tempos de transformações e globalização, sua obra segue como um lembrete da importância de olhar para as raízes e valorizar o que há de mais genuíno no povo gaúcho. Hoje, o Rio Grande chora, mas também agradece — porque enquanto houver um violão no pampa, uma voz lembrará que João Chagas Leite jamais será esquecido.





