‘Não quero te ver’: os últimos áudios de mulher antes de ser morta por ex-companheiro no PR

Os últimos áudios de uma mulher que foi morta por seu ex-companheiro no Paraná. Mais detalhes foram expostos e chamaram atenção.
Em um episódio de extrema violência que expõe as falhas na rede de proteção às mulheres, a jovem Jéssica Daiane Cabral de Oliveira, de 30 anos, foi assassinada pelo ex-companheiro na madrugada de sábado (20), em Maringá (PR).
O crime, marcado pela brutalidade, ocorreu diante da filha da vítima, uma criança de apenas 7 anos. O suspeito, Gerson Rafael Geidelis, de 46 anos, é guarda municipal há 16 anos e confessou o crime após ser preso.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, ele utilizou a arma de serviço da corporação para efetuar seis disparos contra a ex-mulher, após invadir a residência arrombando o portão com o próprio carro.
Áudios revelados após a tragédia concedem uma dimensão desesperadora do medo que Jéssica sentia. Em gravações enviadas dias antes, ela implorava por paz.
“Eu e você não temos nada. Você me dá um estado de nervoso que me dá crise de ansiedade. Peço que siga sua vida e me deixe em paz”, disse ela em um dos registros. Familiares confirmaram que Gerson enviava ameaças constantes.
Com a notícia do feminicídio, os detalhes de uma tentativa frustrada de socorro vieram à tona. Três dias antes de morrer, Jéssica tentou registrar uma denúncia na Delegacia da Mulher, mas foi ao endereço antigo da unidade.
Por causa do horário de trabalho, ela não conseguiu se deslocar ao novo endereço e a denúncia não foi concluída — uma falha logística que se provou fatal.
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Neste momento de luto, o relato da filha de 7 anos choca a cidade. Sem entender a gravidade dos disparos, a menina procurou a madrinha dizendo:
“Acho que minha mãe morreu, acho que o espelho caiu em cima dela”. O secretário de Segurança, Luiz Alves, classificou o ocorrido como um erro grave de um agente público e confirmou que a arma usada possui a identificação da prefeitura.
O crime levanta um debate urgente sobre o monitoramento psicológico de agentes que portam armas. O respeito pelo o que a vida de uma jovem mãe representava foi ignorado por um agressor que possuía laudos de habilitação para o uso de força estatal.
No momento, Gerson está preso e a arma do crime foi apreendida. O sentimento que fica é o de uma indignação profunda diante de uma morte que deu sinais claros de que aconteceria, mas que o sistema não foi capaz de impedir.





