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Uma criança de dois anos continua apontando para o caixão de seu pai—o que se desenrola depois irá surpreendê-lo…

A Igreja de São Miguel estava envolta numa atmosfera de luto. Os sinos tocavam em longos e solenes badalos, misturando-se com os soluços abafados dos enlutados, criando uma sensação gelada e dilacerante. Clara estava em silêncio ao lado do caixão do marido, segurando firmemente a pequena Lucy nos braços. A menina de dois anos lutava contra o abraço da mãe, seu rostinho vermelho de tanto chorar.

Clara se inclinou para acalmá-la, mas Lucy recusava-se a sossegar. Os olhos inocentes da criança estavam fixos no caixão de madeira onde Samuel jazia imóvel. Papai.

Papai, soluçava Lucy, seus dedinhos tremiam enquanto apontava para o caixão. Clara engoliu em seco, as mãos apertando o véu preto do luto. Queria chorar, mas as lágrimas ficaram presas na garganta.

A morte repentina de Samuel ainda parecia um pesadelo. Ontem mesmo ele a beijara antes de sair de casa, e agora só restava um corpo frio e sem vida. Ao redor de Clara, os moradores da vila se reuniam, sussurrando entre si.

Ninguém entendia como um homem saudável como Samuel poderia morrer tão de repente. Uns diziam que fora um acidente, outros murmuravam que era um castigo do destino. Dona Rosa, uma senhora idosa que morava perto de Clara, aproximou-se, os olhos cheios de compaixão.

Ela colocou delicadamente a mão no ombro de Clara e sussurrou. Minha querida, eu sei que você está sofrendo. Mas a pequena Lucy…

Você tem certeza de que ela está bem? Clara olhou para a filha e viu que Lucy tremia, os olhos arregalados fixos num canto escuro atrás do caixão. De repente, a criança soltou um grito estridente. Papai.

Papai está preso. Ele está pedindo ajuda. O ar dentro da igreja ficou pesado, tomado por uma inquietação.

Um murmúrio se espalhou pela multidão. Muitos trocaram olhares nervosos, outros rapidamente fizeram o sinal da cruz. Dona Rosa deu um passo trêmulo para trás, cobrindo a boca com a mão.

Meu Deus. A criança pode ver, sussurrou com uma voz cheia de temor. Um calafrio percorreu a espinha de Clara.

Ela se voltou para Lucy, tentando manter a voz firme. Lucy, o que você disse? perguntou, embora seu coração já batesse acelerado de medo. Papai está ali.

Ele está pedindo ajuda. Mamãe, ele está preso. Lucy insistiu, ainda apontando para o canto escuro.

Uma brisa fria soprou pela igreja, fazendo as velas do altar tremeluzirem. Ninguém falou, mas Clara sentia a tensão no ar aumentar. Então, as portas da igreja rangeram ao se abrirem lentamente, com um som estranho.

Um homem alto entrou, o rosto severo. Era Henry, primo de Samuel. Vestido com um terno preto, seus olhos escuros varreram a multidão antes de fixar-se em Clara.

Ele se aproximou com um sorriso simpático, porém estranhamente falso. Clara, você deve estar exausta, disse Henry com voz grave e enganadoramente gentil. Estamos todos de coração partido pela perda de Samuel.

Clara apenas assentiu levemente, muito cansada para responder. O olhar de Henry pousou em Lucy, que ainda se agarrava ao vestido da mãe, olhando fixamente para o canto escuro. A pequena é muito jovem para entender.

É melhor não deixá-la dizer essas coisas, pode assustar as pessoas, disse ele com um tom sutilmente cortante. Clara franziu levemente a testa. As palavras dele a deixaram inquieta.

Ela só está sofrendo pela perda do pai, respondeu tentando manter a compostura. Henry assentiu, mas a expressão logo mudou. Clara, odeio trazer isso agora, mas você sabe que Samuel deixou muitos problemas financeiros.

Sua casa, talvez seja melhor considerar vendê-la para pagar as dívidas dele. Clara congelou, sentindo uma onda de tontura. Vender a casa? Do que você está falando? Você sabe… Henry suspirou com uma preocupação fingida, Samuel era um homem bom, mas tinha seus problemas.

Estou apenas pensando no que é melhor para você e para Lucy. Um medo gelado entrou nos ossos de Clara. Ela nunca confiou em Henry, e agora, antes mesmo de Samuel ser enterrado, ele já falava de dinheiro.

Lucy agarrou ainda mais forte a mão da mãe, os olhos brilhando em lágrimas. Apontou novamente para o caixão e falou com voz pequena, porém clara. Papai está preso.

A cabeça de Henry virou rápido, o rosto momentaneamente congelado. A tensão na igreja aumentou. Os que estavam por perto começaram a se afastar, ninguém ousava falar.

Clara se agachou, o coração batendo forte. Lucy, o que você disse agora? Lucy olhou para a mãe, o rosto pequeno tomado pelo medo. Papai não foi embora.

Ele ainda está aqui. Ele está chamando por mamãe. Um silêncio sufocante tomou conta da igreja.

Uma mulher próxima, Margaret, puxou a manga de outra e sussurrou. Isso não é um bom sinal. Uma criança tão inocente não mentiria.

Clara apertou firme a mão da filha, tentando conter o tremor. Enquanto isso, Henry cerrava o maxilar, os olhos mostrando inquietação. Crianças têm imaginações vívidas, ele forçou um riso, mas Clara percebeu seus punhos se fechando.

Ela não sabia o que estava acontecendo. Mas uma coisa era certa — algo estava errado. A escuridão se infiltrava na Igreja de São Miguel enquanto as velas do altar tremeluziam fracamente.

O ar parecia mais pesado do que nunca após as palavras de Lucy. Os que estavam perto do caixão começaram a recuar, evitando Clara e a filha como se temessem o que viria a seguir. Papai não foi embora.

Ele ainda está aqui. Ele está chamando por mamãe. As palavras de Lucy ecoavam na mente de Clara, arrepiando sua espinha.

Ela vasculhou a multidão até que seus olhos encontraram Henry — o homem que acabara de sugerir vender a casa. Ele ainda estava ali, mas sua compostura parecia vacilar. Os dedos batiam nervosamente na madeira de um banco, e os olhos desviavam.

Vamos, não deixemos que as palavras de uma criança causem medo desnecessário, disse Henry, forçando outro sorriso fraco. Mas havia um leve tremor em sua voz. Dona Rosa, a mais velha da vila, fez silenciosamente o sinal da cruz antes de murmurar:

Existem coisas além da nossa compreensão. Às vezes, as crianças podem ver o que os adultos não podem. Um arrepio percorreu o corpo de Clara.

Ela apertou ainda mais Lucy. Henry piscou rápido, então voltou-se para Clara, tentando retomar o controle da conversa. Clara, estou apenas tentando ajudar.

Devemos resolver a questão da casa e dos bens antes que seja tarde. Se Samuel estivesse aqui, ele gostaria que você cuidasse de tudo rápido. O estômago de Clara se revirou em nós.

Pode me deixar sozinha um momento? disse, com a voz firme. Henry deu de ombros, mas uma sombra de irritação cruzou seu rosto. Só estou tentando ajudar.

Mas se você for teimosa demais, talvez eu não tenha escolha a não ser chamar a justiça. Sua ameaça velada provocou um frio na espinha de Clara. Margaret, uma mulher da vila, estalou a língua e sussurrou para quem estava ao lado.

Sem coração. O homem nem foi enterrado e já fala dos bens. Mas Henry parecia indiferente aos murmúrios.

Voltarei amanhã. Espero que até lá você tenha pensado melhor, disse antes de sair da igreja. Clara sentiu seu coração bater forte, não só pela ameaça, mas pelo jeito como ele reagira quando Lucy mencionou o pai.

Por que ele parecia tão tenso? Ela olhou para Lucy, ainda agarrada ao vestido da mãe. Mamãe. Papai ainda está aqui.

Clara respirou fundo, tentando não deixar o pânico dominar. Lucy, o que você quer dizer com papai estar preso? Lucy olhou para a mãe com os olhos cheios de lágrimas e sussurrou. Papai está preso lá dentro.

Ele está me chamando. Ele está com medo. As palavras enviaram uma onda gelada pelo corpo de Clara.

Ela voltou para o caixão. Era feito de carvalho sólido, a tampa bem selada, mas ela não conseguia afastar a sensação de que algo estava terrivelmente errado. Ao lado dela, Dona Rosa balançou a cabeça e murmurou:

A criança não está inventando coisas. Eu já vi isso antes. Clara se voltou para ela, o pulso acelerado.

Como assim? Dona Rosa ficou em silêncio por um momento antes de falar baixinho. Muitos anos atrás, houve um caso. Um homem foi dado como morto, mas na verdade estava em coma profundo.

Depois que o enterraram, a família continuou tendo pesadelos com ele, e então ela parou, com o rosto assombrado. A garganta de Clara secou. Ela olhou para o caixão, um horror crescente invadindo sua mente.

Lucy soluçou e sussurrou. Papai está me chamando. Naquele instante, Clara sentiu o peito apertar.

Um arrepio percorreu sua espinha. Não, não podia ser. Samuel estava morto.

Mas será que ela tinha certeza absoluta? Lá fora, o vento uivava pelas janelas de vitrais, criando um som assustador. As velas do altar tremeluziam, e uma delas apagou. Alguns moradores trocaram olhares ansiosos, sussurrando entre si.

Isso é um mau presságio, sussurrou uma mulher de meia-idade. A tensão na igreja crescia como uma tempestade chegando.

Clara olhou para Lucy, que já começava a cochilar nos braços dela. Talvez fosse melhor sair dali por enquanto, pensou. Mas algo a impedia.

Algo dentro dela dizia para esperar. Esperar e ouvir. Esperar e entender. E assim, com o coração pesado e uma sensação de medo e esperança entrelaçados, Clara se sentou ao lado do caixão do marido.

Sabia que aquela noite seria longa. Que as respostas não viriam facilmente. Mas uma coisa era certa: papai estava chamando.

Se quiser, posso ajudar a ajustar ou criar uma continuação! Quer?

**O que está escondendo, Henry?** – ela exigiu, a voz rouca de emoção.
Os olhos de Henry se arregalaram.
**Você está louca, Clara? Quer abrir um caixão por causa das bobagens de uma criança?**

**E as batidas?** – Clara retrucou.
**O vento! Eu já disse, é só o vento!** – ele quase rugiu.
**Então vamos abrir e provar que você está certo.**

Matthew interrompeu, dando um passo à frente.
Ninguém falou. A igreja inteira prendeu a respiração.

Henry engoliu em seco, os olhos fixos no caixão como se fosse um monstro.
**Não!** – ele gritou, a voz falhando – **Ninguém vai tocá-lo!**

Mas sua explosão só o condenou ainda mais.
James avançou, sua voz envelhecida, mas imponente, cortando a tensão:
**Henry, quanto mais resiste, mais parece culpado.**

Henry o encarou com ódio, os lábios apertados numa linha rígida. Suor brotava em sua testa.
De repente, Lucy soltou um grito agudo.

**Papai! Papai, estou aqui!** – seu grito ecoou pela igreja.
Clara sentiu o chão tremer sob seus pés.
**Tum! Tum!** As batidas ficaram mais fortes.

Forte demais para serem ilusão.
Alguns aldeões entraram em pânico e correram para a porta, enquanto outros permaneceram paralisados, os olhos arregalados de horror.
Margaret se agarrou ao xale, a voz trêmula:

**Se há algo errado, precisamos verificar agora.**
Madame Rose respirou fundo e falou devagar:
**Chamem o padre.**

**Se há uma alma presa, ele pode ajudar.**
A menção ao padre deixou Henry ainda mais pálido.
**Não! Ninguém vai chamar ninguém!** – ele latiu.

Mas Clara já estava farta de mentiras.
Ela se virou para Matthew, a voz firme e inabalável:
**Vá buscar o Padre Manuel.**

**Agora!**
Henry avançou, tentando impedir Matthew, mas James segurou seu ombro com força.
**Você não tem mais o direito de interferir, Henry.** – sua voz era fria.

**Paf!**
Henry se desvencilhou, mas o medo em seus olhos era inegável.
Lá fora, os sinos da igreja tocaram pesadamente, seus ecos vibrando pelo salão fúnebre.
Matthew correu para buscar o padre, enquanto dentro da igreja, Clara permanecia imóvel diante do caixão do marido, o coração disparado.

Lucy soluçava, sussurrando entre lágrimas:
**Papai está esperando a mamãe abrir a porta pra ele.**
Um arrepio percorreu a espinha de Clara.

Seriam verdadeiras as palavras da filha? Ou apenas a imaginação de uma criança em luto?
Mas e as batidas? Henry claramente escondia algo.
Clara olhou ao redor, vendo os rostos apavorados dos aldeões.
Todos sabiam que aquilo não era um funeral comum.

Madame Rose juntou as mãos em oração desesperada.
Margaret apertava o manto, murmurando:
**Se Samuel não está morto, talvez ainda possamos salvá-lo.**

Mas e se fosse tarde demais?
Esse pensamento atravessou Clara como uma lâmina.
Ela não podia esperar mais.
Com ou sem o padre, com ou sem Henry tentando impedir, ela descobriria a verdade.

Os sinos continuavam a tocar, seus sons pesados reverberando no ar carregado de dor.
Ninguém mais chorava por Samuel.
O terror tomara conta de todos.

**Tum! Tum!** As batidas no caixão continuavam, mais fortes, mais desesperadas.
Clara sentiu o corpo inteiro congelar, mas sua mente gritava.
**Será que Samuel ainda estava vivo?**
Não podia ser… mas e se fosse?
Suor frio escorria por suas costas enquanto sua mão trêmula apertava a de Lucy.

A menina chorava, o rosto tomado pelo medo.
**Mamãe! Papai está pedindo ajuda!**
Madame Rose sussurrava orações desesperadas, enquanto os aldeões recuavam, assustados demais para se aproximar do caixão, mas incapazes de desviar os olhos.

Matthew tinha ido buscar o padre, mas Clara sabia que não podia esperar.
**Temos que abrir o caixão. Agora!**
Sua voz era clara, firme – como um raio.

**Não!** – Henry rugiu, avançando, os olhos selvagens de pânico.
**Você está louca, Clara? Isso é superstição ridícula. Quem abre um caixão no meio de um funeral?!**
Clara se virou de repente, encarando-o.

**Então explique, Henry. Que sons são esses?**
Henry cerrou os punhos, a voz falhando de pânico:
**O vento! Já disse que é só o vento!**

**Acha mesmo que sou estúpida o suficiente pra acreditar nisso?!** – Clara rugiu, os olhos ardendo de fúria.
Henry abriu a boca para falar, mas nesse instante, Matthew apareceu na porta da igreja:
**O padre está a caminho. Ele disse que ninguém deve tocar no caixão até ele chegar.**

**Não!** – Clara gritou – **Não posso esperar mais um segundo!**

Ela avançou em direção ao caixão, estendendo a mão para a tampa.
Mas Henry correu e agarrou seu pulso.
**Clara, não seja tola!** – ele rosnou, apertando com tanta força que ela sentiu dor.

**Solte-me, Henry!**
A igreja inteira arfou diante da agressão de Henry, mas ele continuou gritando:
**Você não pode abrir! Isso é desrespeito aos mortos.**

**Ou está com medo de algo?** – as palavras de Clara cortaram Henry como uma lâmina.
Ele congelou.

Aproveitando a hesitação, Clara o empurrou e marchou até o caixão de Samuel.
Matthew e James se aproximaram também.
**Se Samuel está realmente morto, vamos ver com os próprios olhos.**

**Mas se não estiver…?** – a voz de James era gélida.
O rosto de Henry empalideceu como um fantasma.
**Não!** – ele gritou, mas dessa vez, ninguém o ouviu.

Clara colocou as mãos sobre a tampa.
Ao seu lado, Lucy sussurrava entre lágrimas:
**Papai!**
Ela respirou fundo.

Estava pronta para abrir.
Mas então… **Páf!**
A mão de Henry voou, esbofeteando Clara com força.
Um suspiro coletivo de horror ecoou pela igreja.

Clara cambaleou para trás, a cabeça girando com o impacto.
Matthew rugiu, avançando e agarrando Henry pelo colarinho:
**Qual é o seu problema?!**
Henry tentou se soltar, mas Matthew lhe deu um soco brutal no rosto, jogando-o no chão frio.

Mas Clara não se importava mais com ele.
Seus olhos permaneciam no caixão.
E as batidas não haviam parado.

**Tum! Tum!**
Lágrimas escorriam pelo rosto de Lucy.
**Mamãe! Papai está batendo!**
Clara cerrou os dentes, o peito prestes a explodir de tensão.

Ela não se importava mais com Henry.
Não se importava com as objeções de ninguém.
Ela ia abrir aquele caixão.
Tinha que saber a verdade.