Viúva de policial morto em megaoperação no RJ, faz desabafo e comove em velório

A quinta-feira (30) foi marcada por dor e emoção no Rio de Janeiro. A viúva do sargento Heber Carvalho da Fonseca, do Bope, Jéssica Amaral, quebrou o silêncio e falou pela primeira vez após a morte do marido durante a maior operação policial já registrada no estado, ocorrida na última terça-feira (28). O confronto, que envolveu diversas forças de segurança, resultou em mais de 120 mortos e quatro policiais falecidos, incluindo o sargento Heber. A ação, realizada em comunidades da Zona Norte, ainda gera debates intensos sobre segurança pública e os limites do combate ao crime organizado.
Com a voz embargada e visivelmente abalada, Jéssica afirmou que o marido morreu cumprindo o dever com coragem e honra. “A sensação que fica é que ele cumpriu o papel dele, deixando um legado. Ele sempre foi muito dedicado, um homem que amava o que fazia e acreditava na missão de proteger vidas”, disse, durante entrevista a repórteres que acompanhavam o velório.
O clima era de profunda comoção. Colegas de farda, amigos e familiares se reuniram para dar o último adeus ao policial, que tinha anos de experiência no Bope e era conhecido pelo comprometimento com o trabalho. Jéssica contou que o casal trocou mensagens pouco antes da operação. “Eu pedi pra ele se cuidar, pra voltar pra casa. Ele respondeu que estava tudo bem, que era só mais uma missão. Eu não sabia que seria a última”, desabafou, segurando uma foto do marido emoldurada em preto.
Durante a cerimônia, a viúva também destacou a importância e o sacrifício diário dos policiais que atuam nas áreas dominadas pelo tráfico. “A gente sabe que ele morreu defendendo pessoas de bem, gente que só quer viver em paz. É uma dor que não tem explicação, mas também um orgulho enorme de saber quem ele foi”, afirmou. As palavras emocionaram os presentes, que se uniram em uma corrente de oração pela família e pelas outras vítimas da operação.
Heber deixou dois filhos pequenos e um enteado, além da esposa. O sargento sonhava em ver os filhos crescerem e costumava dizer que queria “ensinar os meninos a andar pelo caminho certo”. Amigos próximos lembraram que ele era um homem simples, religioso e sempre disposto a ajudar quem precisasse.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro divulgou uma nota de pesar, exaltando o profissionalismo e a bravura do sargento. “Heber será lembrado como um policial exemplar, que dedicou sua vida à segurança do nosso estado e ao bem da sociedade”, dizia o comunicado. O corpo foi sepultado com honras militares, em uma cerimônia reservada, marcada por aplausos e lágrimas.
Nas redes sociais, as homenagens se multiplicaram. Companheiros de batalhão compartilharam fotos e mensagens de despedida, chamando o sargento de “guerreiro de farda” e “herói do povo”. Muitos internautas também manifestaram solidariedade à família, pedindo que o sacrifício de Heber e dos demais policiais não seja esquecido.
Enquanto o país ainda discute os desdobramentos da megaoperação, Jéssica tenta encontrar força na lembrança do marido. “Ele cumpriu a missão dele com amor. Agora, o que me resta é seguir com o legado dele e cuidar dos nossos filhos, como ele queria”, disse, com lágrimas nos olhos.
O nome do sargento Heber Carvalho da Fonseca, agora, entra para a lista de policiais que deram a vida pelo dever — e cuja história ficará marcada na memória de uma cidade que vive, diariamente, entre o medo e a esperança.





