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Passado de 3 dos 4 homens que perderam a vida em cobrança de dívida no PR vem à tona

A Polícia Civil do Paraná segue tentando desvendar os detalhes de um caso que tem deixado a pequena cidade de Icaraíma, no noroeste do estado, em alerta. Três meses se passaram desde que quatro homens foram brutalmente assassinados após uma suposta cobrança de dívida, e o mistério em torno do episódio ainda está longe de ser solucionado.

Tudo começou no dia 4 de agosto, quando Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso, todos de São José do Rio Preto (SP), pegaram a estrada rumo ao interior do Paraná. O destino era a casa de Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma, que teria contratado o trio para cobrar uma dívida — um negócio que, segundo a polícia, envolvia R$ 255 mil referentes à venda de uma propriedade rural em Vila Rica do Ivaí.

No dia seguinte, 5 de agosto, eles foram vistos pela última vez em uma panificadora da cidade. Depois disso, o silêncio. Foram 44 dias de buscas até que os corpos fossem encontrados em uma área rural, em avançado estado de decomposição. A brutalidade do crime chocou os moradores da região, acostumados com a tranquilidade típica de uma cidade com pouco mais de 3 mil habitantes.

As investigações apontam como principais suspeitos Antonio Buscariollo, de 66 anos, e seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22, ambos foragidos desde então. A defesa dos dois, no entanto, nega qualquer envolvimento e alega que pai e filho estão sendo injustamente acusados. O histórico criminal de Antonio, segundo a polícia, se resume a um registro por porte de arma em 2018.

Mas o caso se complica quando se observa o passado das vítimas. De acordo com o levantamento da Polícia Civil, três dos mortos possuíam passagens por crimes diversos, como estelionato, tráfico de drogas, ameaça, furto qualificado, violência doméstica e até tentativa de homicídio. Esse dado fez com que os investigadores passassem a considerar a hipótese de ligação com o crime organizado.

Alencar, o homem que teria contratado os cobradores, não tem antecedentes. Mesmo assim, está sendo analisado para entender se teve algum tipo de participação além da suposta contratação. A polícia justifica a divulgação dos antecedentes como parte do esforço para mapear conexões e entender se a motivação vai além da cobrança de uma dívida mal resolvida.

A família das vítimas, porém, não gostou da exposição. Por meio da advogada Josiane Monteiro, criticaram a divulgação dos históricos criminais, alegando que isso “desvia o foco do verdadeiro crime e mancha a imagem de quem já não pode se defender”. Ela afirmou ainda que os familiares esperam que a investigação avance com “respeito e imparcialidade”.

Enquanto isso, a cidade de Icaraíma segue marcada pelo medo e pela desconfiança. Moradores relatam que, desde o crime, a rotina nunca mais foi a mesma. “Todo mundo se conhece aqui, foi um choque. A gente quer entender o que realmente aconteceu”, disse um comerciante local, que preferiu não se identificar.

A Polícia Civil informou, em nota, que o caso segue em andamento e não há prazo para conclusão. O inquérito agora depende de perícias complementares e da localização dos suspeitos, que continuam foragidos.

Com tantas pontas soltas, o caso Icaraíma ainda promete gerar novos desdobramentos — e, por enquanto, o que prevalece é a sensação de mistério e impunidade em uma cidade que tenta recuperar sua paz.