Jovem de 24 anos morre após fazer algo que todos nós fazemos diariamente; todo cuidado é pouco

Um passeio que deveria render boas memórias e registros fotográficos terminou em tragédia no último fim de semana no Rio Grande do Sul. O jovem Ruan Benayhur Braga, de 24 anos, perdeu a vida ao cair de uma queda d’água de aproximadamente 20 metros de altura, na conhecida Cascata dos Italianos, em Igrejinha. O acidente aconteceu enquanto ele tentava tirar uma selfie no alto da cachoeira, prática que se tornou comum entre turistas e visitantes em busca da “imagem perfeita” para as redes sociais, mas que tem exposto cada vez mais pessoas a riscos fatais.
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros de Taquara, que atendeu a ocorrência, Ruan escorregou devido à superfície molhada e perdeu o equilíbrio, despencando de grande altura. A sargento Elisa Bischoff, que participou do atendimento, relatou que os amigos que acompanhavam o jovem ficaram em choque com a cena. “Relataram que ele tinha subido no alto da cascata para tirar uma selfie e, por conta da pedra molhada, escorregou e caiu. Ele teria ficado boiando alguns segundos e depois submergido”, explicou a militar. O acidente trouxe à tona não apenas a fragilidade da vida, mas também a imprudência que, muitas vezes, se esconde atrás de um simples clique.
A dificuldade no socorro foi outro fator que marcou a tragédia. A Cascata dos Italianos é uma área considerada de difícil acesso e sem sinal de telefonia, o que inviabiliza a comunicação em casos de emergência. Os amigos de Ruan só conseguiram pedir ajuda porque, por coincidência, uma viatura dos bombeiros passava pela estrada próxima no momento do acidente. Ainda assim, o resgate foi desafiador: equipes de mergulho precisaram de cerca de duas horas para localizar o corpo do jovem, que estava em um ponto com quatro metros de profundidade. Quando finalmente encontrado, já não havia sinais vitais.
Natural de Macapá, no Amapá, Ruan havia se mudado para o Sul do Brasil em busca de novas oportunidades e residia em Gramado, cidade turística da Serra Gaúcha. Segundo amigos, era um jovem alegre, sonhador e apaixonado por viagens e fotografia. Sua morte precoce deixou familiares e conhecidos em estado de consternação e reforçou o alerta para os perigos envolvidos em práticas aparentemente inofensivas, mas que podem se transformar em armadilhas letais. “Era um menino cheio de vida, que gostava de registrar os lugares por onde passava. É doloroso pensar que justamente isso lhe custou a vida”, lamentou um amigo próximo.
Casos semelhantes têm sido registrados em diversas partes do mundo, levantando debates sobre os limites entre a busca por imagens impactantes e a preservação da vida. Segundo dados da Fundação iO, que monitora acidentes relacionados ao turismo, centenas de pessoas já perderam a vida nos últimos anos em circunstâncias ligadas a selfies em locais perigosos. Penhascos, cachoeiras, pontes e trilhos de trem estão entre os cenários mais recorrentes. Especialistas alertam que, em frações de segundo, a tentativa de capturar uma lembrança pode resultar em um desfecho irreversível. A tragédia de Ruan se soma a essa estatística preocupante.
O episódio em Igrejinha também expõe um problema frequente em pontos turísticos naturais: a ausência de sinalização adequada e de medidas preventivas. Embora seja impossível fiscalizar todas as ações dos visitantes, autoridades reforçam a necessidade de conscientização e responsabilidade individual. “É fundamental que as pessoas entendam os riscos e não ultrapassem limites de segurança em locais como cachoeiras e miradouros. Uma foto nunca vale uma vida”, destacou a sargento Elisa. O alerta serve não apenas para moradores locais, mas também para turistas que muitas vezes desconhecem os perigos da região.
Enquanto familiares e amigos se preparam para se despedir de Ruan, o caso deixa uma reflexão necessária: até que ponto vale arriscar a própria vida por uma imagem? A sociedade contemporânea, cada vez mais conectada e movida pela lógica das redes sociais, precisa repensar hábitos que colocam a segurança em segundo plano. A morte do jovem amapaense em solo gaúcho é mais do que uma triste fatalidade; é um lembrete contundente de que nenhum registro, por mais estético ou simbólico que seja, compensa o risco de um acidente irreversível.